29 maio 2009

VIVA O 1º. MAIO – A LUTA CONTINUA...


Apesar dos infelizes e condenáveis acontecimentos que sucederam,

VIVA O 1º. MAIO – A LUTA CONTINUA!

Por Carlos Trindade
Secretário-Geral
da Corrente Sindical Socialista


A actual situação social no nosso País é muito difícil.

Portugal é um dos países da EU onde a repartição da riqueza entre o Capital e o Trabalho é das mais injustas.

Esta situação provoca, por um lado, profundas desigualdades sociais que se concretizam em níveis médios salariais e direitos sociais muito baixos e, por outro, salários, privilégios e mordomias escandalosamente elevados a um pequeníssimo número de indivíduos que exercem funções de gestão nas empresas.

Agora é a crise que se abateu sobre os trabalhadores e, diariamente, somos confrontados com o aumento do desemprego e com as respectivas consequências sociais.

È neste contexto que o !º. Maio deste ano promovido pela CGTP-IN era fundamental para realizar a denúncia, fazer o protesto, transmitir confiança e impulsionar a acção sindical.

Apesar dos infelizes e condenáveis acontecimentos que sucederam, temos que manter estes objectivos bem pressentes e dar-lhes continuidade.

Porém, é fundamental afirmar que esses acontecimentos foram totalmente estranhos ás orientações da direcção confederal e realizados á sua revelia e, por isto, ela já os lamentou e condenou. Mas é necessário dizer algo mais.

O próprio autor destas linhas, logo no próprio momento dos acontecimentos, e na qualidade de dirigente confederal, apresentou publicamente desculpas aos membros da delegação do Partido Socialista e, em particular, a Vital Moreira, alvo principal da fúria dos arruaceiros. Na noite desse dia, o próprio Secretário – Geral da CGTP, Manuel carvalho da Silva, também o fez.

Nada justifica esta acção arruaceira deste pequeno grupo, no qual se destacavam membros do PCP e do BE, excepto o sectarismo, o radicalismo e o aventureirismo, mesmo que se compreenda profundamente a situação social altamente degradada existente com que a classe trabalhadora actualmente se confronta.

Agora, após a condenação e as desculpas apresentadas, este dossier deve ser fechado.

Temos que o fazer para que se desenvolva a intervenção, acção e luta sindical que é necessário realizar para se dar continuidade aos objectivos do 1º. Maio.

Contudo, destes acontecimentos sobressai uma necessidade outra, cada vez mais real e objectiva, que já, desde há muito, vem sendo realizada nos órgãos da CGTP-IN mas que se torna cada vez mais necessária tornar publica: a do confronto, sem tréguas, pela Autonomia Sindical da CGTP-IN contra as derivas sectárias, radicais e aventureiras que, amiúde, elementos da corrente sindical do PCP procuram imprimir na sua actividade.

A CGTP-IN é uma construção plural e democrática, realizada durante décadas por uma miríade de militantes sindicais de todas as ideologias, esmagadoramente anónimos, mas que, de forma voluntária e dedicada, lutaram e lutam a bem dos interesses da classe trabalhadora e, solidariamente, pelo Bem Estar do nosso Povo.

A classe trabalhadora e a Sociedade Democrática necessitam de uma CGTP-IN prestigiada, forte e reivindicativa. Para isso, é necessário que a Confederação seja cada vez mais plural, democrática e de unidade. Só nestas condições poderá ter a força sindical para cumprir a sua acção.

Por isto, jamais se pode aceitar que um pequeno grupo sectário, radical e aventureiro desvirtue o seu passado, prejudique o presente e tente manchar o seu futuro. A intervenção e a luta sindical também passa, obrigatoriamente, por este confronto político – ideológico!

VIVA O 1º MAIO – A LUTA CONTINUA!!!

18 maio 2009

Assim se vê a força do PC...


Assim se vê a força do PC...

Por
Joaquim Jorge Veiguinha


Não me revejo nas ideias e posições políticas do Professor Vital Moreira sobre o movimento sindical. Nas páginas do Público exprimiu a tese de que os sindicatos defendem “interesses corporativos” perante o Governo que é depositário do “interesse geral”. No entanto, repudio veementemente os insultos e as agressões de que foi alvo no decurso da manifestação do 1º de Maio da CGTP. Em democracia não existem delitos de opinião e cada um deve ser livre de defender as suas ideias, posições e projectos políticos mesmo que estes não sejam partilhados pelos outros.


Tão graves como as manifestações arruaceiras foram as tentativas de desculpabilização dos que perpetraram os insultos e as tentativas de agressão a Vital Moreira e à comitiva do PS. O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, lamentou in locu os tristes eventos, mas logo acrescentou que o facto de haver “trabalhadores em situação precária” pode implicar que “alguns tenham reagido emocionalmente”. A existência de elevados níveis de precariedade laboral em Portugal – encontramo-nos, de facto, em terceiro lugar na UE relativamente aos contratos a termo – não desculpabiliza, de modo algum, uma “reacção emocional” da parte de um grupo de arruaceiros que manchou a credibilidade da CGTP com os seus insultos e tentativas de agressão. Consciente que os seus primeiros comentários “a quente” aos tristes eventos não tinham sido felizes, Carvalho da Silva prontamente pediu desculpas públicas a Vital Moreira, contribuindo com o seu exemplo para dignificar a CGTP e o seu secretário-geral.


O mesmo não se poderá dizer da posição do representante do BE, Miguel Portas. Apesar de repudiar e considerar inaceitável o comportamento sectário de alguns manifestantes, defendeu que “Vital Moreira é um candidato do Governo que dificilmente seria bem recebido pelos trabalhadores”. Com estas considerações, a tentativa de demarcação das manifestações “sectárias” de alguns perde toda a validade. Em primeiro lugar, porque Vital Moreira é candidato às eleições europeias pelo PS e não pelo Governo. Em segundo lugar, depreende-se que “estava mesmo a pedi-las”, pois já devia saber que “não seria bem recebido” pelos trabalhadores. O representante do BE, partido que está constantemente a arvorar-se em “verdadeiro” representante de uma esquerda “traída” pela “ambição de poder” da social-democracia, acaba por utilizar as mesmas tácticas eleitoralistas de que acusa os “partidos do poder” ou do “sistema”: tentar crescer eleitoralmente à esquerda, encostando cada vez mais o PS à direita.


No mínimo surrealista, foi a posição do porta-voz do PCP, Francisco Lopes, que converteu magistralmente os agressores em vítimas de uma campanha negra do PS que visa “o empolamento de incidentes, provocações e insultos contra o PCP”, exigindo a este partido “desculpas públicas” pelas alegadas calúnias dirigidas contra o PCP. Pois claro! O grupo de pobres vítimas injustiçadas que participou activamente nos insultos e nas tentativas de agressão a Vital Moreira e à comitiva do PS estava apenas a manifestar a sua indignação e revolta perante as políticas anti-sociais do Governo.


Não há lugar para dúvidas: no contexto europeu e mundial o PCP é um partido com uma direcção política cada vez mais surrealista. Prova disso, foram as considerações do seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa, para quem os tristes eventos do 1º de Maio foram “quase uma prenda” para o PS que “quer tirar benefícios da situação” (Público, 4.05.09). Certamente! Os insultos e tentativas de agressão até foram uma espécie de gesto carinhoso. Imagino o que seriam se o PCP estivesse no poder. Em suma, com estes argumentos de peso se vê claramente qual é a força do PC.


Joaquim Jorge Veiguinha

Membro do Conselho Coordenador da Corrente Sindical Socialista da CGTP/IN