22 abril 2010

Carlos Trindade, da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, comenta artigo publicado no Jornal AVANTE


Carlos Trindade, Secretário-Geral da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, comenta um artigo publicado hoje no n.º 1899 do
Jornal AVANTE que tem por base uma entrevista ao colectivo das telecomunicações de Lisboa da JCP, artigo intitulado "Jovens trabalhadores com direitos do século XIX".

O Comentário:

1- Porque a situação que o AVANTE denuncia é verdadeira, objectiva, real! E, contra ela, os sindicalistas socialistas devem erguer a sua voz e combatê-la porque o nosso combate sindical tem que ser feito contra estas situações reais, concretas de exploração e estarmos ao lado de todos os trabalhadores - este é o nosso património de consciência de classe a funcionar!

2- Mas, ATENÇÃO, devemos também ter a compreensão clara que esta realidade social, criticável, condenável e que deve ser combatida, não se passa única e exclusivamente em Portugal mas também noutros países, em particular na China, país comunista, como sabemos - e, acerca deste outro facto concreto, real, objectivo, o AVANTE não se pronuncia - e este é a nossa consciência política a trabalhar;

3- O silêncio do AVANTE, ou seja, do PCP, é uma opção ideológica, ou seja, ao relevar e denunciar as maldades do capitalismo pretende aumentar o descontentamento popular contra a situação (e, é correcto que tenha esta visão!) mas ao silenciar as maldades que o comunismo permite que o capitalismo pratique na China, escamoteia a realidade do que é o comunismo real. E isto é uma opção ideológica porque o que o PCP pretende induzir é que só no capitalismo esta situação é possível e que, ao silenciá-la, ela não existe na China. Em ultima análise, o que o PCP pretende é utilizar esta situação existente em Portugal (e todas as restantes carências e dificuldades sociais e laborais) para implementar um regime comunista - regime esse em tudo semelhante estruturalmente ao que existe na China, regime esse que permite as mesmas situações, ou piores, repito. E, desta forma, o AVANTE (e o PCP) NÃO É SOLIDÁRIO COM OS TRABALHADORES CHINESES que vivem as mesmas situações!

4- Ora, é exactamente neste quadro, de confronto ideológico, que os sindicalistas socialistas se têm que posicionar! Ou seja: (i) o nosso combate sindical é contra esta situação, exista ela em Portugal ou na China; (ii) devemos ser tão combativos em Portugal como totalmente solidários com os trabalhadores que, na China ou noutros países, têm as mesmas condições, ou ainda piores;

5- Depois, no campo político, em Portugal, existe Liberdade e Democracia - seja para que o AVANTE (e outros jornais) publiquem denúncias destas seja para que o sindicalismo (livre) as combata. Ora, na China (e noutros países em que existem regimes ditatoriais, sejam eles ditos comunistas sejam eles de direita) não existe este ambiente político e, quem denuncia e combate estas situações, é preso, reprimido e, senão mesmo, abatido! E, sobre esta situação fundamental, quer dizer, sobre a importância da existência na Sociedade de um ambiente político de Liberdade e de Democracia, o AVANTE não fala, não comenta, nada diz. Isto significa, interpretando politicamente este silêncio, que, para o PCP, este ambiente político, esta distinção fundamental entre países que têm condições de Liberdade e Democracia e os que não a têm, não é importante e, como na China ele não existe, ainda mais se auto silencia - mas, como sabemos, este ambiente é fundamental na Sociedade e é caracterizador de uma opção ideológica, sendo esta uma das diferenças estruturais entre os socialistas e os comunistas!

6- Finalmente, do ponto de vista da "moral", que é uma matéria com um carácter subjectivo mas que tem uma relativa importância no confronto ideológico, particularmente com os camaradas comunistas, para quem a chamada "superioridade comunista" sustenta sempre uma soberba intelectual, moralmente, o AVANTE (e o PCP por inerência) não tem nenhuma moral porque não está a denunciar e a combater uma "chaga social", que se passa no Mundo do Trabalho (aqui em Portugal ou na China ou nos EUA) mas sim a servir-se da sua real existência como arma de arremesso para os seus objectivos políticos, que são o da conquista do Poder. E, chegámos ao fim deste texto: quem tem toda a "moral" são os sindicalistas socialistas que a combatem, exista ela onde existir, e que são solidários com todos aqueles que a sofrem e com aqueles que as combatem, e que valorizam, simultaneamente, a existência do ambiente político de Liberdade e Democracia, condição primeira e essencial para se efectuar essa denúncia e esse combate á existência deste tipo de situações.

Carlos Trindade
Secretário-Geral da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN
Membro da Comissão Executiva do CN da CGTP-IN


Link:Artigo publicado no Jornal AVANTE

11 abril 2010

MORREU O ERNESTO !

No dia 10 de Abril faleceu o Ernesto Silva.

O Ernesto, como carinhosamente o tratávamos, era natural do Porto, onde nasceu em 04.01.1944 e era filho de simples trabalhadores.

O Ernesto foi trabalhador da TAP, da qual estava reformado, e era dirigente do SITAVA, tendo sido coordenador da respectiva Delegação Regional do Porto. Foi também dirigente da CGTP-IN, do Conselho Nacional, da Comissão Executiva e do Secretariado, bem como da Comissão Executiva da União dos Sindicatos do Distrito do Porto.

O Ernesto foi, desde a primeira hora, militante da Corrente Sindical Socialista, quando, em meados dos anos noventa do século passado, se procedeu à sua reestruturação e relançamento.

Enquanto militante da CSS / CGTP-IN foi membro do seu Secretariado Nacional durante vários mandatos, de onde saiu, a seu pedido, no penúltimo Congresso.

O Ernesto era um militante activo do Partido Socialista, particularmente, com participação permanente na vida quotidiana partidária do Porto.

O seu interesse multifacetado pelo exercício da cidadania, levava-o a ter uma forte intervenção no âmbito autárquico, quer ao nível da sua Junta de Freguesia, quer na Assembleia Municipal do Porto, bem como a um empenhamento absoluto no MIC – Movimento de Intervenção e Cidadania, de cuja Comissão Coordenadora fazia parte.

Quem privou com o Ernesto recordá-lo-á sempre como um Homem fraterno, que assumia convictamente as suas opiniões e que não receava “separar águas” com quem discordava, fazendo-o, porém, sempre de forma cordata e sem criar inimizades pessoais desnecessárias.

O ERNESTO MORREU!

Morreu quem sempre defendeu os interesses da classe trabalhadora, a CGTP-IN e um Sindicalismo Reivindicativo, de Unidade, Autónomo e Democrático, o Socialismo Democrático como expressão ideológica dos Direitos Humanos e da Justiça Social e a Fraternidade como linha de rumo da sua vida pessoal.

Um Homem deixou o nosso convívio – perdemos um excelente Amigo e deixou-nos um grande Camarada!

A Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN transmite à sua viúva e aos seus filhos e netos os seus mais sentidos pêsames e ao SITAVA, ao Partido Socialista e ao MIC as suas sinceras condolências pelo falecimento do seu militante e dirigente.

A todos, a Corrente garante que o seu exemplo de cidadão livre, interveniente, empenhado, generoso e responsável, continuará bem vivo no nosso seio!

ATÉ SEMPRE ERNESTO !

Lisboa, 10 de Abril de 2010

A CSS / CGTP-IN