XIV Congresso da CSS da CGTP-IN
RESOLUÇÃO POLÍTICO-SINDICAL
LUTAR POR UM PORTUGAL DE PROGRESSO NUMA UNIÃO EUROPEIA DESENVOLVIDA E SOLIDÁRIA
Lutar, na CGTP-IN, por um sindicalismo mais reivindicativo, autónomo e democrático, verdadeiramente ao serviço dos trabalhadores!
Introdução
Nestes
últimos meses, desde a realização do seu XIII Congresso, no passado mês de
Outubro do ano passado, a vida politica e sindical, nacional, europeia e
internacional, teve mais um conjunto de rápidas alterações que tiveram, têm e terão
importantes consequências na vida da Classe Trabalhadores e da Sociedade em
geral, umas positivas e outras negativas.
Se,
globalmente, o ambiente político e social continua desfavorável aos interesses
das classes populares e das Esquerdas, há, porém, novos elementos que criam
fundadas esperanças em como as forças existentes no campo dos democratas e dos
progressistas em geral têm capacidade e vontade de encontrar respostas para
ultrapassar o actual momento.
É
neste contexto que a CSS da CGTP-IN realiza este XIV Congresso.
Ao
fazê-lo e ao elaborar a sua análise da
situação político-sindical e, consequentemente, as suas posições, orientações e reivindicações, que apresenta nesta
RESOLUÇÃO POLITICO-SINDICAL, a Corrente dá mais um contributo, na esfera da sua
intervenção, para esse combate essencial para a vida da Classe Trabalhadora.
Ao traçar
estas orientações, a CSS da CGTP-IN assume assim, na CGTP-IN e no Partido
Socialista, mais uma vez e conscientemente, o seu papel de ser um organismo
profundamente inserido no Mundo do Trabalho e no Movimento Sindical Português,
com responsabilidades e capacidades intrínsecas, nos quais os seus militantes e
simpatizantes, com dedicação e competência, exercem a sua intervenção e em
consonância ideológica mas absolutamente autónoma com o Partido Socialista e a
TSS – Tendência Sindical Socialista.
A
presente RESOLUÇÃO POLITICO-SINDICAL é estruturada em três partes:
- Parte
um - Análise da situação politico – social
nacional;
- Parte
dois -
Análise da situação politico – social europeia e internacional;
- Parte três - Análise da actual situação da CGTP-IN e a intervenção da CSS/CGTP-IN
Em
cada uma destas partes, a CSS/CGTP-IN, imediatamente após elaborar a sua análise,
apresenta as suas posições, orientações e reivindicações.
· PARTE UM - Análise da situação política e social nacional
Após
as eleições nacionais de 5 de Outubro de 2015, nas quais a Direita foi
derrotada, o Partido Socialista formou um governo com o apoio parlamentar dos
restantes partidos das Esquerdas.
Este é
um facto político de primeira grandeza para Portugal e para a Esquerda
europeia!
Os
resultados da actuação deste governo têm sido positivos, não apenas em termos sociais
(na reversão de salários e pensões e outros direitos laborais e sociais), mas
também em termos económicos e financeiros, seja em termos de maior crescimento
económico, da redução do défice, da redução do desemprego e da criação de
emprego.
Abriu-se
um novo caminho de esperança para os portugueses com a confiança dos
consumidores e agentes económicos a atingir níveis cada vez mais elevados. Os
indicadores mais recentes da economia portuguesa aí estão a comprovar a
melhoria da economia portuguesa e a convergência de Portugal com a União
Europeia.
ALGUNS INDICADORES
RECENTES DA ECONOMIA PORTUGUESA
(Variações Homólogas, face a idêntico período
do ano anterior)
|
1º Trimestre
de 2017
|
1º Trimestre
de 2016
|
Crescimento
da U.E. (Área Euro)
|
1,7%
|
1,8%
|
Portugal:
Crescimento do PIB
|
2,8%
|
2,0%
|
Exportações
|
17,1%
|
12,9%
|
Importações
|
15,3%
|
14,9%
|
Taxa
de desemprego
|
10,1%
|
10,5%
|
Variação
do emprego
|
+3,2%
|
+1,8%
|
Variação
da população activa
|
+0,6%
|
-0,2%
|
Fonte:
INE, Síntese económica de conjuntura, Abril de 2017
Um
outro facto extremamente importante a assinalar é a recente proposta da
Comissão Europeia para que Portugal saia do procedimento de deficit excessivo,
o que é muito vantajoso para o país e os trabalhadores.
Ainda
que subsista o problema da dívida pública, que apenas poderá ser minimizado no
quadro de uma nova política europeia e num horizonte temporal de médio e longo
prazo, existem sinais claros a nível europeu de que é necessário e urgente
resolver este problema com que muitos países se defrontam, com o objectivo de
fazer diminuir os encargos das dívidas libertando os recursos financeiros
necessários para promover o investimento público, o desenvolvimento das
políticas socais e um maior crescimento económico na União Europeia.
Com
esta nova solução governativa, impediu-se que a Direita continuasse a sua
politica de empobrecimento através da destruição de direitos sociais e laborais
e diminuição de rendimentos (salários e pensões) às classes populares e à
classe média e os êxitos alcançados pelo Governo do PS têm contribuído para um
aumento do grau de satisfação dos portugueses e para uma maior confiança nas
suas instituições políticas.
Ao
fazê-lo, o PS, enquanto partido de Esquerda e europeísta que sempre foi, teve
que ter a devida atenção ás condicionantes impostas pela Tratado Orçamental,
quanto ao deficit e à divida, que funcionam como verdadeiros travões ao
crescimento económico e ao progresso social. As alterações absolutamente
necessárias que este Tratado tem que sofrer têm que ser realizadas no quadro de
um combate político no interior da U.E. e das suas instituições, ou seja, da
correlação de forças politicas – até esse momento se concretizar, a sua efectivação
é a condição primeira para que esse mesmo combate seja travado e vencido.
Os
perigos continuam a existir e chamam-se Direita nacional e Direita europeia. As
duas neoliberais e em articulação, têm como principal instrumento de chantagem
e coacção politica as condições do Tratado Orçamental. Por sua vez, em Portugal, Passos Coelho
continua a fazer o papel de ave agoirenta, esperando que a governação falhe!
É
neste contexto que as classes populares sentem que o Governo do Partido Socialista,
devidamente sustentado pelos restantes partidos das Esquerdas, está a proceder correctamente
ao fazer a restituição dos seus direitos sociais e laborais e a reposição dos
seus rendimentos (salários e pensões). É um processo lento – mas o essencial é
que seja seguro e efectivo!
Para
os trabalhadores em geral e os militantes e simpatizantes da CSS/CGTP-IN em
particular, que se bateram coerentemente, sem desfalecimentos e sem darem
tréguas, contra o anterior Governo da Direita e saudaram o actual Governo do PS
e o projecto governativo à Esquerda, a sua intervenção sindical é feita num
quadro estratégico de “fio da navalha”.
No sector publico, fazendo reivindicações
e realizando lutas, mas sempre dentro de um equilíbrio para não contribuir para
que a Direita volte ao poder; no sector
privado, reivindicando e lutando principalmente para acabar com o
boicote à contratação colectiva e com o congelamento aos salários congelados (como
aconteceu nos últimos seis anos) e contra a precariedade.
Continua
a ser fundamental o entendimento das Esquerdas para assegurar uma continuidade
da convergência da economia portuguesa e da melhoria das condições de vida dos
trabalhadores à volta de políticas realistas e responsáveis que promovam o
aprofundamento do crescimento económico e do progresso social.
Neste
quadro, a CSS da CGTP-IN, afirma as seguintes
·
Posições,
orientações e reivindicações sobre a situação politico – social nacional
- Que continuará a apoiar o Governo do Partido
Socialista e o actual projecto de governação, única forma de repor a
Justiça Social, encaminhar Portugal no caminho do crescimento económico e
progresso social, desta forma e afastando a Direita neoliberal e
conservadora do poder politico;
- Que continuará a defender que o Governo do Partido Socialista, na sua acção
governativa, entre outras politicas, reforce a valorização o Trabalho
Digno (combatendo o desemprego e a precariedade com empregos de
qualidade, aumente os salários, pratique uma gestão exemplar dos recursos
humanos da Administração Pública, desbloquei a contratação colectiva, especialmente
solucionando a questão fundamental da caducidade e reponha o princípio do
tratamento mais favorável), reponha os direitos laborais, defina uma
estratégia pró-activa e interveniente da ACT, proteja o Estado Social (revitalize o
SNS, melhore a Educação; reforce a Protecção e Segurança Social),
transforme o Sistema Fiscal no
sentida da sua progressividade (forma de contribuir para a redução das
desigualdades) e que a Justiça
seja célere e acessível a todos os cidadãos (para que a cidadania seja
exercida plenamente);
- Que expressa a sua convicção que esta é a única
maneira de mobilizar as classes populares e eliminar a possibilidade de a
Direita neoliberal e conservadora voltar ao poder;
- Que continuará a denunciar e a combater a
actuação das empresas que pratiquem o incumprimento e/ou a violação da
legislação laboral e o bloqueio da contratação colectiva, que utilizam a
precariedade, a repressão e a intimidação como norma nas relações laborais
e que recusam o Diálogo Social como instrumento para a negociação e
resolução dos conflitos nos locais de trabalho;
- Que persistirá no combate ao poder económico que não investe e que pressiona o poder político para que satisfaça os seus interesses mesquinhos, que tem privilégios fiscais inadmissíveis e/ou pratica a fraude e a evasão fiscal e que sustenta politicamente a Direita neoliberal e conservadora.
· PARTE DOIS – Análise da situação político – social europeia e internacional
1 – No âmbito europeu
A actual
situação na U.E. continua preocupante – a Direita neoliberal e conservadora
europeia, organizada no Partido Popular Europeu (PPE), hegemoniza as
instituições europeias (Comissão, Conselho e Parlamento), mantém a sua
estratégia politica (de austeridade para realizar o empobrecimento da imensa
maioria dos cidadãos europeus).
É esta
Direita que quer moldar a construção europeia e o futuro da U.E. aos seus
desígnios ideológicos – e que tudo faz para concretizar o seu objectivo. O seu
objectivo principal é inverter, na Europa, a repartição da riqueza, quer dizer,
que a parte da riqueza distribuída para o Trabalho seja reduzida para que a
parte atribuída ao Capital seja aumentada.
Esta
estratégia da Direita neoliberal e conservadora é contrária à própria génese do
projecto europeu, baseada na harmonização no progresso, quer dizer, exactamente
na repartição mais justa da riqueza, conforme o Tratado de Roma. Foi este
princípio de harmonização no progresso
que, durante décadas, produziu riqueza, Bem – estar e Justiça Social – esta é a
concepção estrutural do Modelo Social Europeu. Por esta razão, durante décadas,
a generalidade dos cidadãos e dos trabalhadores europeus se reconheceram e
apoiaram o projecto comunitário.
O
ataque ao Estado Social, aos direitos laborais e aos rendimentos dos cidadãos
(salários e pensões) é uma das principais linhas de acção politica da Direita –
é o próprio Modelo Social Europeu que está em causa!
O
Tratado Orçamental é o principal instrumento desta estratégia. A designada “disciplina” orçamental que se estende
por toda a Europa, especialmente aos países do Sul, produz a austeridade, que é
a concretização desta politica.
Porém,
esta estratégia já demonstrou a sua total inviabilidade pois não tem conseguido
produzir crescimento económico e os números de desempregados e de cidadãos em
risco de pobreza, que continuam em níveis inaceitavelmente elevado, são mais
uma demonstração dessa constatação. A exclusão social e a ausência de
solidariedade é uma realidade que se estende por toda a Europa, com tendências
a aumentar!
Por
outro lado, enquanto se assiste ao aumento dos défices e da divida publica em
muitos Estados-membros provocadas pela crise de 2008 e a austeridade, a
Alemanha é um dos poucos Estados-membros que tem superávites.
O
necessário impulso à economia europeia, fazendo-a crescer, exige que os países
sem problemas orçamentais procedam a investimentos públicos para “puxar” pela economia europeia no seu
conjunto – neste quadro, a Alemanha deverá ser o principal impulsionador da
retoma europeia!
Após
10 anos de estagnação e/ou declínio, as previsões para a Europa parecem ser
agora um pouco mais optimistas embora permaneça um nível elevado de incerteza.
O crescimento económico ronda os 1,5%, o desemprego está a diminuir e as taxas
de emprego parecem estar a aumentar. Mas é um facto que a taxa de desemprego
continua a um nível inaceitável e demasiado elevada (o desemprego atinge ainda
cerca de 20 milhões de europeus) e que os riscos de pobreza atingem cerca de
125 milhões de europeus.
A
Europa precisa de inverter rapidamente este caminho e pôr no terreno novas
políticas para lidar com desafios importantes como as mudanças climáticas e a
digitalização da economia e, fundamentalmente, ir de encontro às necessidades,
interesses e expectativas dos trabalhadores, das classes populares e da
generalidade dos cidadãos europeus.
Todavia,
a Direita neoliberal e conservadora necessita de uma situação de crise
económica e social (como aquela que estamos a viver desde há 2008) para que se
criem condições materiais e psicológicas na Sociedade que levem os cidadãos a
aceitar a sua estratégia política de empobrecimento e retrocesso social.
Porém,
os trabalhadores e as classes populares não ficam indiferentes ou paralisadas a
este ataque directo aos seus níveis de vida e de Bem-estar social. A reacção
popular a esta situação é, na generalidade, dirigida contra a U.E., de onde
partem as políticas que prejudicam as classes populares e os trabalhadores.
O
fenómeno dos refugiados, provocado pela destruição das estruturas do Estado, devastação
da economia e da desestruturação da Sociedade nos países de origem,
especialmente no Próximo Oriente, é um outro facto que provoca a insegurança e aumenta
a instabilidade social em vários países europeus – e a forma como a União
Europeia tratou a crise dos refugiados foi mais um exemplo das más politicas
europeias. Os milhares de mortos no Mediterrâneo são a consequência directa da
situação politica interna existente nesses países, que foi agravada pelas intervenções
militaristas e as jogadas de bastidores de vários países europeus e dos EUA, em
buscam do controle das matérias-primas – mas são as vitimas quem pagam a
factura com a sua própria vida!
Mas,
se situação económica e social não tiver alterações radicais; se não existir
crescimento económico e progresso social; se não se criarem empregos de
qualidade e bem remunerados; se não se garantirem as pensões a quem trabalhou
toda a vida; se não existir um Estado Social eficiente, ou seja, serviços
públicos universais e de qualidade na Saúde, Educação e Protecção Social; se
não se recriar o sentimento de solidariedade europeia que ultrapasse o actual egoísmo
nacionalista; ou seja, se a Direita neoliberal e conservadora e a sua politica
de austeridade e empobrecimento não for afastada do comando do “poder politico europeu” (Comissão,
Conselho e Parlamento), a generalidade dos trabalhadores e dos cidadãos europeus vão continuar a procurar respostas para os
seus medos e angustias – nem que sejam as piores respostas, como a História já
nos demonstrou!
O
surgimento ou crescimento de forças nacionalistas de extrema direita,
verdadeiramente protofascistas, que estão a procurar capitalizar estes
sentimentos populares, é uma realidade que somente será combatida
solucionando-se as causas profundas da actual situação.
Por
isto, os trabalhadores em geral e os militantes e simpatizantes da CSS em
particular, que acreditam numa Europa Social, desenvolvida e solidária,
respeitadora da sua História e que se quer projectar num futuro de Paz e
progresso social, tal como lutaram no passado, vão continuar a lutar, quer em
Portugal quer no espaço europeu, contra a Direita neoliberal e conservadora e a
extrema-direita neofascistas ou protofascista.
Neste
quadro, a CSS/CGTP-IN afirma as seguintes
Posições, orientações e reivindicações no âmbito
europeu
- Que continua a defender e a pugnar
intransigentemente pelo projecto de construção da União Europeia
mas no qual o respeito pelos Estados – membros e a sua soberania (conforme
os Tratados) seja baseada numa posição de igualdade de direitos e deveres,
sem preponderância de qualquer Estado – membro;
- Que o princípio de harmonização no
progresso seja estrutural nas políticas comunitárias de forma a
concretizar-se a coesão económica, social e regional devidamente
suportadas na solidariedade (que
actualmente tende a ser cada vez mais inexistente nas instituições e nas
politicas europeias), combatendo
totalmente a imposição de políticas por um Estado-membro ou por um
qualquer directório;
- Que, na presente fase, o aprofundamento da
participação democrática dos cidadãos europeus e o respeito pelo método
comunitário de decisão seja a linha estrutural de tomadas de decisões, mas que, num futuro próximo, seja
colocada em discussão publica aos povos e Estados – membros o próprio
aprofundamento do projecto europeu e do seu desenvolvimento, em direcção a
uma maior partilha de soberania, e as condições exigidas para o efectivar;
combatendo, no imediato,
o peso que actualmente a Alemanha, dirigida pela chanceler Ângela Merkel e
a sua orientação ideológica neoliberal e conservadora, impõe nas políticas
europeias;
- Que
é fundamental uma mudança estrutural nas regras do Tratado Orçamental,
concretamente, que as regras do Tratado Orçamental (máximo de 3% de
deficit e de 60% de divida pública) sejam alteradas profundamente para que
sejam adaptadas ás reais condições de nível de desenvolvimento de cada Estado-membro,
não se tornando um verdadeiro factor de atrofiamento do desenvolvimento
económico e progresso social, como actualmente são;
- Que
se impõe uma reestruturação da Divida Publica, para que as dividas
soberanas dos Estados – membros sejam reestruturadas, mutualizando-as, pois
o seu pagamento estrangula o necessário investimento publico, que é fundamental
para se proceder ao desenvolvimento sustentado de cada Estado-membro;
- Que, neste quadro, considera que são condições
essenciais principais para solucionar a presente crise: (i) a criação
de obrigações europeias (os eurobonds);
(ii) a existência de um sistema fiscal europeu progressivo uniformizado;
(iii) a assunção pelo BCE – Banco Central Europeu de funções de verdadeiro
banco central, com capacidade de emissão de moeda e com capacidade de
empréstimo directo aos Estados - membros, combatendo a actual oposição da Alemanha e outros
países a estas politicas; (iv) a criação de um “Fundo para a Convergência Real”, a atribuir aos países mais
débeis económica e socialmente;
7. Que
se criem politicas que levem a uma economia mais justa com criação de
emprego de qualidade pois são inaceitáveis os elevados níveis de desemprego
na Europa, sobretudo de jovens, mulheres e dos desempregados de longa duração;
torna-se necessário fazer regredir substancialmente a taxa de desemprego de
longa duração; uma nova estratégia de crescimento económico, assente na criação
de empregos de qualidade e em salários mais elevados, no investimento público,
na investigação e na qualidade dos serviços publicos, tem que incluir uma forte
dimensão social e o respeito dos direitos e liberdades que devem ter
importância igual às orientações económicas.
8.
Que é urgente e decisivo uma
mudança institucional para assegurar maior ênfase na promoção duma Europa
Social, concretamente no âmbito da discussão sobre o Futuro da Europa, a
fazer necessariamente em articulação estreita com a discussão do PEDS – Pilar
Europeu dos Direitos Sociais. Torna-se necessário avaliar quais os instrumentos
de governação mais adequados para concretizar o objectivo de reforço da
dimensão social na U.E., particularmente impulsionando o Modelo Social Europeu,
designadamente no domínio legislativo (processos legislativos para melhorar os
direitos existentes e definir novos direitos para fazer face a novos problemas,
não apenas na zona do euro mas a nível da toda a U.E.), em instrumentos
específicos (como as Decisões da Comissão, Opiniões ou Recomendações do
Conselho, Comunicações ou Orientações Anuais para o Emprego), no Semestre
Europeu (assegurar igual ênfase à dimensão social nas Recomendações Específicas
aos Estados membros, introduzindo mecanismos de monitorização de indicadores
relevantes em matéria social) e na prestação de contas da Comissão, do Conselho
sobre os progressos na dimensão social da União Europeia, balanceando os
direitos sociais com os direitos económicos.
2 – No âmbito internacional
Para
a Classe Trabalhadora e outras classes populares, a actual situação politica
mundial coloca enormes perigos e desafios, que se reflectem, com maior ou menor
intensidade, em todas as regiões e países do Mundo.
De
facto, os trabalhadores e os seus direitos laborais e sociais e salários estão
em risco quando assistimos a um ressurgimento das velhas ideias e teorias da
extrema – direita, agora a coberto de uma retórica populista – nacionalista em
muitos países em todos os Continentes.
Desde
o verdadeiro golpe de Estado constitucional no Brasil, com a demissão da
presidente Dilma até à eleição de Donald Trump como presidente dos EUA,
passando pelos argumentos que levaram à vitória do Brexit na Grã-Bretanha ou a
força popular demonstrada pela Le Pen, em França, que, porém e felizmente, foi
derrotada nas recentes eleições presidenciais, são os velhos fantasmas do
passado que renascem do baú da História!
A
coberto de darem uma resposta aos justos receios e preocupações dos
trabalhadores e das classes populares, causadas pelo retrocesso das suas
condições de vida e trabalho e/ou pela insegurança criada por verdadeiros
ataques terroristas, as forças de extrema direita apresentam fundamentalmente a
resposta nacionalista e de ataque aos imigrantes e refugiados como a solução
milagrosa para todas as ansiedades e angustias populares.
A
causa principal da actual condição vivida e sentida pelos trabalhadores e
classes populares é a aplicação nos últimos anos, com especial incidência após
a crise financeira de 2008, de programas neoliberais e conservadores aplicados
por governos de várias ideologias, desde o centro direita ao centro esquerda.
Estes
programas levaram a que os rendimentos do Trabalho, a negociação colectiva e o
Diálogo Social se tenham reduzido, os sistemas de Segurança Social, de Educação
e de Saúde tenham sido fortemente atacados e sofrido fortes reduções e/ou
alterações que prejudicaram directamente os trabalhadores e as classes
populares, os sistemas fiscais tenham sido alterados para proteger os
privilegiados e penalizar os trabalhadores por conta de outrem, entre outras
políticas igualmente gravosas.
Por
outro lado, a riqueza acumulou-se no poder económico e, quando o sistema
financeiro desregulado pelo neoliberalismo entrou em falência devido à
especulação financeira, levando à crise financeira de 2008, foram os orçamentos
dos Estados soberanos, constituídos pelas contribuições dos cidadãos, que foram
convocados para o socorrer, à custa da redução dos rendimentos (salários e
pensões) e do Estado Social.
Porém,
as políticas neoliberais e a resposta neoliberal à crise de 2008 não a
solucionaram – pelo contrário, a retoma económica continua fraca e não surge
uma luz de esperança no futuro.
A
emergência da extrema-direita, que tem capitalizado a maior parte do justo
descontentamento popular deve-se essencialmente a dois factores - às políticas
neoliberais e ao envolvimento das forças de centro-esquerda neste tipo de
governação.
Este
envolvimento (e consequente responsabilização) do centro-esquerda criou, na
população em geral e nos trabalhadores em particular, uma frustração,
desorientação e até mesmo repudio, levando ao seu descrédito e a uma muito
significativa redução da sua base social. Assim, o justo descontentamento
popular foi encaminhado para os radicalismos políticos, seja de direita seja de
esquerda.
A
Europa, não ficou imune a esta vaga de governação. Também na Europa estas
politicas neoliberais foram aplicadas, especialmente através do Tratado
Orçamental e em vários países, entre os quais, Portugal, através de programas e
austeridade impostos por troikas compostas pela Comissão Europeia, o BCE e o
FMI.
Sendo
esta, em síntese, a situação mundial, devemos assinalar, porém, que continua a
ser na Europa, apesar de todos os ataques e retrocessos sociais dos últimos
anos, que, comparativamente, continua a existir um acervo de direitos laborais,
sociais e políticos, organizações sindicais, partidos políticos progressistas e
uma memória histórica de largas dezenas de anos enraizada nos trabalhadores e
nas classes populares. São estas condições que permitem que se continue a lutar
e a resistir para que, mobilizando-se os trabalhadores e outras classes
populares, se impulsione a construção de alternativas democráticas, populares e
de esquerda ao neoliberalismo e à actual ofensiva da extrema-direita.
Neste
quadro, a CSS/CGTP-IN, afirma as seguintes
Posições, orientações e reivindicações no âmbito internacional
- Que é fundamental salvaguardar
o “capital popular” que existe,
manter o maior número de direitos sociais, laborais e políticos que se conseguir,
resguardar a confiança na transformação social e democrática e continuar a
combater frontalmente as políticas conservadoras e neoliberais e os
ataques da extrema-direita protofascista, independentemente da natureza
que assumirem, para continuarmos a resistir e prepararmos as condições
para se relançar um outro programa político-social e uma outra plataforma de
governação;
- Que, com este objectivo
estratégico, é fundamental para os trabalhadores e outras classes
populares, sejam europeus sejam de outras regiões e países do Mundo,
manter a União Europeia. A situação na U.E. e na maioria dos seus
Estados-membros é socialmente má. Esta situação tem que continuar a ser
frontalmente combatida sem qualquer indecisão ou atentismo. Porém,
comparativamente, continua a ser na Europa onde existem mais e melhores
condições para se viver em Paz, Liberdade e Segurança e onde existem mais
condições para se lutar e vencer! Lutar pelo Mundo e pela Europa que
queremos exige que a Europa que temos se mantenha como trincheira nestes
tempos atribulados que vivemos;
- Que a Europa e o Mundo que defendemos
deverão ser sustentados, quanto ao Mundo
do Trabalho: (i) numa real efectivação dos Direitos Humanos,
especialmente num acesso efectivo à liberdade de associação sindical e de negociação
e contratação colectiva; (ii) numa justa repartição dos rendimentos (uma
maior fatia dos lucros das empresas) para que os trabalhadores e cidadãos
possam progredir no seu nível de vida; (iii) num Estado Social com serviços
públicos de saúde e de ensino universais e de qualidade; (iv) em níveis
adequados de protecção social; (v) em sistemas fiscais progressivos; (vi) em
trabalho digno e não precário, com salários compatíveis, períodos de
trabalho saudáveis e níveis decentes de saúde e segurança nos locais de
trabalho; (vii) no respeito e efectividade das convenções da OIT e na assunção
dos seus princípios e valores;
- Que
é absolutamente necessário proceder a regulação internacional do sistema
financeiro, particularmente através:
- Do
encerramento dos paraísos fiscais;
- Do
combate à evasão e fraude fiscal e ao crime organizado;
- Da
criação de uma taxa sobre as transacções financeiras (como, por exemplo,
a taxa Tobin), um dos
instrumentos de combate à especulação financeira mundial;
- Que a luta pela Paz é uma necessidade actual
que todos têm o dever de assumir, combatendo todas as acções militaristas
e sendo solidários com os Povos alvo dessas intervenções.
TERCEIRA PARTE - Análise da actual situação da CGTP-IN e a intervenção da CSS da CGTP-IN
Neste
contexto global, europeu e nacional, económico, político e social que temos
vindo a traçar e que estrutura e condiciona a acção, a CGTP-IN adoptou, quanto
à sua no plano nacional, a seguinte estratégia:
- face
ao poder económico, tem mantido uma estratégia
de informação, dinamização e mobilização dos trabalhadores e da sua acção
e luta contra o patronato, que boicota a contratação colectiva e pretende
fazer caducar os contratos, recusa negociar aumentos de salários e aumenta
a precariedade.
- face
ao poder politico, perante o Governo do
Partido Socialista devidamente
sustentado na Assembleia da Republica pelos restantes partidos das
Esquerdas, a sua actuação tem sido exigente, reivindicativa e combativa (como
aliás uma confederação sindical deve ser) mas tendo uma compreensão
suficiente dos difíceis equilíbrios políticos derivados do quadro nacional
e europeu.
A
posição da CGTP-IN face ao Governo de António Costa radica-se na compreensão
clara que somente o Governo PS, com o apoio parlamentar das Esquerdas, poderá
encontrar soluções para os gravíssimos problemas sociais existentes – a
alternativa é o regresso ao governo do PSD/CDS e ás politicas neoliberais. Porém,
também o Governo PS deverá não somente continuar as suas políticas sociais e
laborais como melhorá-las e aumentá-las, solucionando muitos problemas criados
pelo governo PSD /CDS, como é o caso da legislação laboral.
A
economia e, consequentemente, o próprio Mundo do Trabalho encontra-se em
acelerada e permanente mutação, em todas as suas dimensões (entre outras, de estruturação,
de digitalização, de organização, de I&D,
de qualificação, de deslocalização, entre muitas outras), de que resulta directamente
profundas consequências para os trabalhadores e a acção dos sindicatos.
Esta
nova realidade laboral coloca problemas novos e desafios fundamentais para os
quais é necessário encontrar respostas sindicais. A indispensabilidade de
encontrar novas formas de organização e de acção e luta sindical,
particularmente o seu enquadramento jurídico e contratual que responda a estas
novas realidades sócio – laborais, é fundamental para dar eficácia à intervenção,
acção e luta sindical.
É
neste contexto, extremamente complexo e exigente, que devemos analisar a
CGTP-IN.
Constata-se que, sendo uma organização poderosa e
reivindicativa, com largos milhares de militantes dedicados e voluntariosos,
que intervém em todos os campos da vida social e politica, a CGTP-IN sofre de
um bloqueamento “democrático” na sua
implantação na Sociedade. A CGTP-IN é uma confederação sindical e a
representação dos interesses dos trabalhadores é a sua principal prioridade.
Contudo, para melhor alcançar os seus objectivos, tem que interagir com a
Sociedade e influenciá-la nesse sentido.
Contudo, na Sociedade e a maior parte da Classe
Trabalhadora tem a percepção de que a CGTP-IN é uma “corrente de transmissão” do PCP.
Esta percepção, que pode ser considerada um verdadeiro preconceito, é, porém, em grande parte
verdadeira devido à própria actuação da maioria dos dirigentes sindicais e da
própria CGTP-IN. Na generalidade, estes não perdem uma oportunidade para
disseminar essa ideia através das intervenções que fazem, das entrevistas que
dão, dos documentos que emitem, dos materiais de propaganda que produzem ou da informação
que editam – a “colagem” entre as
posições publicas da CGTP-IN e do PCP é constante!
Este facto cria uma desconfiança latente no seio da
Sociedade, que se reflecte na séria dificuldade da CGTP-IN em a influenciar. Por
isto, a CGTP-IN não consegue ser o pólo agregador do protesto social. Sindicalmente,
a CGTP-IN consegue ser agregadora; socialmente, não o consegue ser, o que lhe
acarreta sérios problemas e isolamento.
Os movimentos sociais e a Sociedade Civil tomam
iniciativas e realizam actividades que não contam com o contributo confederal. A
incapacidade da CGTP-IN em fazer alianças sociais e politicas para lá do espaço
sociológico e politico do PCP, de forma a ganhar mais densidade e projectar
maior preponderância à sua real força no terreno laboral, limita a sua
capacidade de interacção e influência da Sociedade. Esta situação limita a
eficácia da sua acção e a sua capacidade de defesa dos interesses da Classe
Trabalhadora.
A corrente sindical do PCP controla
cada vez mais a confederação, particularmente através da produção de
posicionamentos político-sindicais, de imposição de directivas de acções e
lutas e da dependência dos seus principais dirigentes ao próprio PCP.
Esta
estratégia da corrente sindical do PCP, que surgiu com maior visibilidade e
actividade a partir do congresso de Janeiro de 2012, tem continuado até agora,
tendo sido reforçado no último congresso de Fevereiro de 2016.
Este
é o quadro de intervenção e acção dos militantes e simpatizantes da Corrente Sindical
Socialista na CGTP-IN.
Os
militantes e simpatizantes da CSS/CGTP-IN realizam quotidianamente um combate
sindical sem tréguas ao patronato e à Direita e um confronto ideológico
permanente contra o sectarismo e o radicalismo da corrente sindical do PCP. Existe
uma real convergência na acção pelos
interesses da Classe Trabalhadora, ou seja, pelo Trabalho Digno e o Estado
Social; pelos direitos sociais e laborais; por salários justos; contra a Direita
e as politicas de direita. Quando estes objectivos são respeitados nos órgãos
da CGTP-IN, existe consenso político-sindical.
Quando,
devido ao radicalismo e ao sectarismo da corrente sindical do PCP, os
interesses da Classe Trabalhadora estão
em causa, a CSS/CGTP-IN, efectua uma oposição completa,
directa e frontal ás posições que considera erradas, não dando “cobertura político-sindical” ás posições
maioritárias.
A
CSS/CGTP-IN assume uma acção sindical Reivindicativa,
sustentada nas condições concretas e em objectivos mobilizadores mas exequíveis;
um combate forte pela Autonomia sindical;
uma exigência permanente de funcionamento interno Democrático; e uma participação activa nos órgãos e nas tarefas e
responsabilidades atribuídas. Esta é a estratégia da Corrente na CGTP-IN e nos locais
de trabalho, sindicatos, uniões e federações.
A
Corrente tem um objectivo - que a CGTP-IN seja cada vez mais Autónoma e Democrática para que, dessa forma abrangente, possua uma cada maior
implantação e influência na Sociedade. A contribuição séria da Corrente para o
combate ao preconceito atrás referido que se encontra instalado na Sociedade, é
combater o sectarismo e o radicalismo da corrente sindical do PCP e afirmar o
pluralismo existente na
confederação, inclusive publicamente.
Para
realizar esta estratégia, a CSS/CGTP-IN estuda as matérias em debate, apresenta
e discute propostas e fundamenta-as convictamente, enfrenta e opõe-se a
posições sectárias e radicais dos militantes da corrente sindical do PCP e
procura, desde sempre, a criação e/ou reforço de alianças sindicais e sociais,
seja com outras correntes sindicais seja com movimentos sociais, com os quais
procura constantemente pontos de convergência e acção.
Esta
é uma intervenção exigente porque é um combate ideológico extremamente difícil,
que implica atenção, estudo, intervenção e mobilização constante porque
representa o afrontamento com uma
corrente sindical dotada de quadros experientes, forte organização e disciplina
férrea – mas é esta a intervenção que tem sido realizada pelos militantes e
simpatizantes da Corrente em todos os seus espaços de intervenção!
Esta intervenção dos militantes e simpatizantes da
Corrente cria, na CGTP-IN uma vida interna dinâmica e democrática – o combate ao
unanimismo representa o pluralismo democrático! A CSS/CGTP-IN
considera que, apesar de muito difícil, o resultado global da sua intervenção
tem sido positivo para os militantes e simpatizantes, para a CGTP-IN mas,
fundamentalmente, para a Classe Trabalhadora.
Neste
quadro, a CSS da CGTP-IN afirma as seguintes
Posições, orientações e reivindicações na CGTP-IN e quanto à intervenção
da CSS da CGTP-IN
·
No
quadro da CGTP-IN
1.
Que,
dentro da CGTP-IN, devido à constante tentativa do seu controlo pela corrente
sindical do PCP, é cada vez mais necessário o confronto ideológico e político
pela Autonomia sindical, contra as
derivas sectárias e radicais;
2.
Que a
Corrente prosseguirá o combate político – sindical por um funcionamento interno
efectivamente plural e Democrático, combatendo
as sucessivas tentativas de manipulação, pela corrente sindical do PCP, dos
militantes de outras correntes sindicais minoritárias, em particular a
Corrente Sindical Socialista;
3.
Que,
no seio dos órgãos da CGTP-IN, e suas estruturas, suportada na actividade dos
seus militantes e simpatizantes nos sindicatos, uniões e federações, continuará
a intervir e a apresentar propostas para:
·
Que se
proceda ao aprofundamento das questões do desenvolvimento sustentável, da
Democracia e dos Direitos Humanos e da valorização do sindicalismo e, muito em
especial, para a maior implantação e alargamento da influência da CGTP-IN no
seio da Classe Trabalhadora e da Sociedade;
·
Que a
acção sindical dê prioridade à defesa e protecção dos direitos, garantias e
salários dos trabalhadores e a melhoria sustentada das suas condições de vida e
de trabalho;
·
Que se
atribua cada vez mais importância à União
entre os trabalhadores, à Democracia
interna e à Autonomia sindical,
condições fulcrais para se concretizar o necessário alargamento e reforço da
base social da confederação;
·
Que,
seja assumida e defendida a real importância da construção europeia para os
trabalhadores portugueses, europeus e de todo o Mundo, mas com o sentido e
conteúdo político-social atrás referido nesta Resolução político-sindical;
·
Que se
mantenha e aprofunde a relação da CGTP-IN na CSI – Confederação Sindical Internacional
e das Federações confederais com as Federações Internacionais e Europeias da
CSI, tendo como objectivo a sua filiação internacional, melhor forma de concretizar
a cada vez mais necessária acção sindical internacional e consequente solidariedade
sindical internacional, única forma de eficazmente se fazer a intervenção contra
as empresas multinacionais, intervir nas organizações internacionais,
especialmente, a OIT e agir contra a Direita neoliberal e conservadora.
·
No
quadro interno da CSS/CGTP-IN
1.
Que
continuará e reforçará a implantação da CSS/CGTP-IN, privilegiando-se a
informação e a organização de núcleos da Corrente (no âmbito sectorial e
regional), a identificação de militantes e simpatizantes e a sua formação política
e sindical, prestando-se apoio à acção sindical e ao combate ideológica que
realizam, com vista a uma sua maior intervenção e respectiva eficácia nas
organizações em que militam;
2.
Que
atribui aos militantes um dever fundamental – o de serem cada vez mais
participantes, intervenientes e activos no seu campo de intervenção sindical,
especialmente nos locais de trabalho junto aos trabalhadores e trabalhadoras,
nas organizações sindicais (sindicatos, uniões e/ou federações e na CGTP-IN) e
nas actividades da Corrente;
3.
Que
manterá e aprofundará a sua estratégia de acção sindical propositiva e
negocial, contudo devidamente articulada com o desenvolvimento da acção e luta
para que exista força sindical que se projecta positivamente no processo
negocial, sempre com o objectivo de se alcançarem ganhos de causa para os
trabalhadores, o que tem como consequência a valorização da actividade sindical
e ao consequente acumular de experiência e força sindical para futuros processos
reivindicativos;
4.
Que
mantém a sua profunda discordância conceptual e estratégica com as duas principais
estratégias sindicais que estão disseminadas no movimento sindical português, concretamente:
§
A
orientação assumida por algumas correntes sindicais de que “enquanto se negoceia não se luta” - porque entende que esta
estratégia inviabiliza uma verdadeira negociação ao escamotear que a acção e
luta sindical tem o objectivo da construção de uma relação de forças favorável
à parte sindical para que se alcancem resultados favoráveis, dessa forma
negociando sem força sindical que suporta essa mesma negociação;
§
A
orientação assumida por outras correntes sindicais, de sinal contrário, para quem
a estratégia da “luta pela luta” e a agitação social é o principio, o meio e o fim da sua acção - o que
conduz á apresentação de propostas inexequíveis, à utilização da metodologia da
“luta pela luta” e/ou à vulgarização
da luta como único objectivo sindical, de não racionalização das próprias
propostas que apresentam (que se transformam em simples bandeiras que se
agitam), à sequente desvalorização prática de toda e qualquer negociação séria
e responsável ou à não valorização das conquistas (pequenas ou grandes)
alcançadas, acabando por conduzir, na generalidade, ao esgotamento e
consequente desilusão dos trabalhadores, que não alcançam nenhuns objectivos
pretendidos ou que não valorizam o que alcançam (seja pouco ou muito);
- Que, apesar desta distinção, confirma que um
dos seus objectivos é a convergência na acção pois é fundamental a sua
existência entre todas as forças do Mundo do Trabalho, com total respeito
pelas diferenças existentes;
- Que continuará a defender a importância da
coesão da Classe Trabalhadora e de acções convergentes do Movimento
Sindical Português, em particular entre a CGTP-IN e a UGT, em todos os
níveis, condição real para efectivar os Direitos Humanos, dignificar o
Trabalho, valorizar os trabalhadores e defender o Estado Social;
- Que assume que a CGTP-IN é a organização
sindical em que militam e na qual assumem funções dirigentes na sua
plenitude, reivindicando mais responsabilidade de direcção;
- Que continuará o trabalho comum com outras correntes
sindicais da CGTP-IN com vista a concretizar projectos conjuntos,
procurando alargar estas alianças a outras correntes sindicais existentes;
- Que procurará contribuir para o reforço da TSS
– Tendência Sindical Socialista do Partido Socialista para que esta possua
uma maior audição junto dos órgãos dirigentes do Partido Socialista, em
particular, junto do Secretariado Nacional e do próprio Secretário-geral.
APROVADA EM
27 e 28 de Maio de 2017 // Oceanário de Lisboa, Esplanada D. Carlos I - Lisboa