07 dezembro 2010

Portugal é dos mais eficientes na despesa que faz em saúde

Por Eduarda Ferreira
Jornal de Notícias
01.12.2010

 
À lupa da OCDE, entre mais 29 países dos mais desenvolvidos, Portugal mostra que a sua despesa pública em saúde não tem grandes desperdícios e que será difícil ser muito mais eficiente. E, para os ganhos em saúde da população, os gastos até nem dispararam.

É a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos) a dizê-lo, através de um estudo agora divulgado, que equaciona como - e se - 30 dos seus 33 membros podem melhorar a eficiência das despesas em saúde. Afinal, o nosso país até foi dos melhores a usar esses gastos desde 1990 para aumentar a esperança de vida à nascença (fomos o terceiro, a seguir à Coreia do Sul e à Irlanda). Por outro lado, entre 1997 e 2007, só aumentámos a despesa de saúde per capita em 30% (e há que ter em conta que o envelhecimento da população, novas tecnologias dispendiosas e mais doenças crónicas tratáveis). A Irlanda aumentou a despesa em 90% e a Grécia em 75%.

Os índices deste estudo da OCDE sobre a eficiência dos sistemas de saúde remetem-nos, sim, para um lugar recuado, o 25º. Mas esta posição tem a ver com o que poderia ser ganho se Portugal fosse mais eficiente. Os primeiros lugares (que afinal traduzem a existência de desperdício ou ineficácia) são ocupados pela Irlanda, Grécia, Reino Unido, Dinamarca, Suécia e EUA. Portugal está mesmo abaixo da média da OCDE. Mais: se nos puséssemos a poupar, até 2017 conseguiríamos "ganhar" 1% no Produto Interno Bruto (PIB). Já a Irlanda alcançaria os 4,9% e a Grécia 3,9%. A média da OCDE seria de 2%.

Estes cálculos têm em conta factores como o número de anos de vida salvos. O cenário de poupanças potenciais reflecte a diferença entre a não-reforma do sistema e a hipótese de cada país ser tão eficiente como os melhores. Ou seja: Portugal pouco mais eficiente pode ser.

A percentagem da despesa pública nos gastos em saúde por parte dos cidadãos portugueses é das mais baixas entre os 30 países comparados ( 72%). O valor é quase idêntico à média da OCDE, só que para ela contribuem valores muitos díspares (no México, o Estado suporta 50% das despesas e em França 92,8%).

Outro dado relevante diz respeito ao custo da burocracia dos sistemas de saúde: é maior onde predomina o recurso a seguros privados. E só baixa quando a regulação impede as seguradoras de seleccionar para elas os doentes mais saudáveis. Neste quadro são incluídos países como Alemanha, Suíça e Holanda.

O índice mais penalizador para Portugal é o da opinião pública. Somos os segundos em insatisfação (76%9). Mais queixosos do que nós, só os gregos.

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