14 fevereiro 2020

Jornal Observador (Agência Lusa): Sindicalistas do PS lançam candidato próprio a secretário-geral da CGTP, mas com poucas hipóteses

Aqui deixamos notícia do Jornal Observador:

Texto de Ana Suspiro e Vítor Rodrigues Oliveira

Tendência sindicalista do PS avança com candidato próprio a secretário-geral, contra o risco de uma "maior aproximação da CGTP ao PCP". Hipóteses de Fernando Gomes contra Isabel Camarinha são fracas.

Arménio Carlos e Isabel Camarinha

Os sindicalistas socialistas da CGTP-IN decidiram apresentar um candidato próprio ao cargo de secretário-geral da Confederação, segundo um comunicado enviado esta sexta-feira depois do primeiro dia dos trabalhos do congresso da central sindical. O nome indicado é o de Fernando Gomes e a intenção é concorrer com a candidatura de Isabel Camarinha já validada pelos órgãos internos da CGTP, mas as hipótese são quase nulas.

Segundo os estatutos da CGTP, cabe à comissão executiva a propor um candidato a secretário-geral e esse nome é o de Isabel Camarinha cuja indicação terá de ser validada nos órgãos que forem eleitos neste congresso. Esta sexta-feira o conselho nacional, composto por 147 dirigentes, foi eleito com 596 votos a favor. Dos 662 delegados ao congresso que podiam votar, exerceram esse direito 691 (95,3%).

Dos 147 dirigentes eleitos, 55 integram este órgão pela primeira vez e reforçam a presença das mulheres e dos jovens até aos 35 anos. Esta é uma das maiores renovações do Conselho Nacional desde a criação da CGTP, há 50 anos, mas não haverá grandes novidades no plano da diversidade política.

O conselho nacional vai reunir este sábado pela primeira vez para eleger a comissão executiva, com 29 elementos, e de seguida para eleger o secretário-geral. Apesar do concorrente indicado pelos socialistas, numa iniciativa inédita face a eleições anteriores, o facto de os comunistas representarem cerca de dois terços dos dirigentes da CGTP praticamente garante a eleição de Isabel Camarinha, militante do PC.

s sindicalistas da tendência socialista justificam esta decisão como sendo “eminentemente político-sindical”. Defendem uma estratégia que implique “a independência sindical da CGTP-IN face aos partidos e as práticas de unidade e democracia sejam cada vez mais efectivadas e aprofundadas”. E argumentam que a “conhecida e assumida militância de Isabel Camarinha na Corrente Sindical do PCP levanta sérias preocupações de que, com a sua eleição, passe a existir ainda uma maior aproximação da CGTP-IN ao PCP.”

Esta candidatura de Fernando Gomes, acrescenta o comunicado, “é suportada no conjunto de propostas de alteração apresentadas para o programa de acção da CGTP-IN que esta sexta-feira e amanhã serão discutidas e votadas em congresso.”

Os socialistas são uma das tendências da CGTP. Já esta terça-feira, a corrente bloquista tinha atacado o que considerou um fechamento sectário da central sindical, na sequência da escolha de nomes para os novos órgãos da central sindical.

Fernando Gomes é membro do conselho nacional da central, está na comissão executiva desde 2001 e no secretariado — órgão liderado pelo secretário-geral — desde 2004. É membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria, Turismo, Restauração e Similares do Sul e trabalhador do Grupo Pestana Pousadas, tem 50 anos, é natural de Marvão, distrito de Portalegre.

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