O
DIREITO DE TENDÊNCIA NA CGTP-IN
No XII Congresso da CGTP-IN,
em que estou a participar como Membro do Conselho Nacional (para que fui
reeleito), coube-me a tarefa de ir defender perante todos os congressistas uma
proposta do meu sindicato (SPGL – Sindicato Professores da Grande Lisboa) em
favor da regulamentação do direito de tendência – proposta essa que não foi
aprovada no Congresso.
Queria aqui partilhar
resumidamente as razões políticas que defendi:
1- Este direito consta da legislação, está
consagrado nos estatutos da CGTP-IN, mas não está regulamentado (e a lei impõe
que o esteja);
2-Todos sabemos que a unidade sindical na CGTP-IN
assenta em várias CORRENTES DE OPINIÃO POLÍTICO-IDEOLÓGICA (comunistas,
socialistas, católicos, bloquistas, autónomos, etc.): somos todos sindicalistas
(dirigentes e activistas sindicais) de diferentes sensibilidades políticas… e é
nesta diversidade que, todos em conjunto, trabalhamos unidos, por objectivos comuns;
No SPGL temos já experiência
de uma prática unitária, que respeita as várias sensibilidades
político-sindicais, e as congrega para os objectivos colectivos que definimos
em conjunto; pensamos até que esta abertura, a convivência desta variedade e diversidade
de pensamento e pontos de vista é enriquecedora para a nossa acção sindical… e
os nossos colegas têm-nos apoiado;
Do mesmo modo que uma sociedade
democrática e as suas instituições (e os sindicatos, e a CGTP-IN, são
instituições absolutamente essenciais na democracia, até porque lutaram por ela
e ajudaram a criá-la – como referiu recentemente Manuel Carvalho da Silva numa
entrevista na televisão!) funcionam numa base de pluralidade de opiniões,
agregando livremente os cidadãos em função dos objectivos comuns que assumirem,
a CGTP é constituída por homens e mulheres livres, cidadãos a tempo inteiro,
que pensam pela sua cabeça, cada um com a sua opinião ideológica, política e
religiosa, de que pode prescindir para se comprometer no trabalho sindical
comum… pois isso seria um empobrecimento intelectual (e a CGTP-IN tem
repetidamente dito, e com razão, que é contra os empobrecimentos!);
Pelo contrário, os unanimismos
– como se estivéssemos sempre todos de acordo – delapidam esta imagem aberta a
todos e unida na pluralidade que deve ser a da CGTP-IN, pois dá uma imagem de
falta de discussão e de democracia interna;
Além disso, é a UNIDADE NA
DIVERSIDADE que nos torna muito mais fortes… em que cada um é uma parte
importante da construção dessa unidade;
Este enquadramento já existe
actualmente na central, mas está por regular (e por exercer realmente, de forma
aberta).
O resultado das votações nem
sempre resulta da validade política das mesmas, como todos sabemos… mas será
sempre no combate político persistente pelas ideias que julgamos justas que nos
encontraremos, uma e outra vez… enquanto membros de uma tendência (formal ou
informalmente reconhecida) e activistas sindicais.
M. Pereira dos Santos
27 Janeiro de 2012
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