Aqui deixamos um excerto de notícia do Jornal de Negócios:
Catarina Almeida Pereira
20 Fevereiro 2016,
10:30
"Tendências minoritárias querem mais meios a
nível interno e representatividade nos órgãos da central sindical.
Propostas foram chumbadas em Conselho Nacional mas deverão ser debatidas
em Congresso.
Socialistas e bloquistas
estão a tentar que as tendências que representam ganhem expressão
interna na CGTP, com maior apoio de meios e mais representatividade nos
órgãos da central sindical. As propostas de alterações aos Estatutos
foram rejeitadas pelo Conselho Nacional, mas a questão será debatida por
iniciativa dos sindicatos no próximo Congresso, que começa na próxima
sexta-feira, dia 26 de Fevereiro.
Actualmente as "correntes de opinião político ideológicas" são reconhecidas nos estatutos da CGTP,
mas a sua organização "é, no entanto, exterior ao movimento sindical e
da exclusiva responsabilidade dessas mesmas correntes de opinião".
Tradicionalmente, a lista da Comissão Executiva, um núcleo duro de 29
pessoas, é proposta pela própria executiva e votada pelo Conselho
Nacional, um órgão de 147 pessoas, que emana do Congresso.
Carlos Trindade, coordenador da corrente sindical socialista,
explicou ao Negócios que insistiu em duas propostas de alteração aos
estatutos. A primeira para garantir meios, como instalações e acesso à
comunicação interna e externa da CGTP, incluindo à comunicação social,
de forma a "estimular o debate ideológico e tornar mais viva a vida
interna da CGTP". A segunda, para garantir que o Conselho Nacional seja
eleito por representação proporcional segundo o método d’Hondt, e que
possa nascer de listas apresentadas por apenas cinco dos sindicatos
filiados na CGTP-IN que representem pelo menos 5% dos delegados ao
Congresso (e não 15%).
As propostas já tinham sido apresentadas noutros congressos e são
acompanhadas de uma proposta de alteração ao programa de acção destinada
a manter (em vez de resumir) todo o subcapítulo que descreve a forma
como a CGTP entende a democracia. "Perante a situação política que
vivemos são mais pertinentes", refere Carlos Trindade, ao Negócios.
Porque a questão não é só de expressão interna, mas também interna. "A
alternativa política ao Governo que temos é de direita e
extrema-direita, regressando ao poder com um espírito de vingança. O que
a CGTP tem de assumir, não sendo de forma nenhuma canal de transmissão
do Governo, é que para defender os interesses dos trabalhadores tem de
ter em relação a este governo uma referência afirmativa", afirma. Se
para outros dirigentes a CGTP já suavizou o discurso em relação ao
Governo, ao retirar as referências directas ao Executivo, para Carlos
Trindade essa evolução é "insuficiente".
Francisco Alves, porta-voz da "sensibilidade" do Bloco de Esquerda,
também propôs a regulamentação do direito de tendência, com a dotação
"dos meios necessários para o cumprimento das suas funções e
intervenção", a nível de instalações e de acesso aos meios de
comunicação. A proposta de alteração aos estatutos apresentada pelos
bloquistas pretende garantir que a comissão executiva espelhe "a
representação de todas as correntes de opinião políticas-ideológicas que
se expressão na CGTP-IN", até porque, segundo explica, não há
militantes no Bloco de Esquerda na actual Comissão Executiva.
"É uma questão que vimos debatendo há décadas. Agora, claro, o
contexto [político] mudou. Mas não queremos fazer a associação directa.
Achamos é que a CGTP ganha quando alarga e reflecte a pluralidade que
existe no mundo de trabalho", afirma, em declarações ao Negócios.
As propostas dos socialistas e dos bloquistas foram chumbadas pelo
Conselho Nacional, mas serão levadas pelos sindicatos ao Congresso, para
serem votadas (e provavelmente chumbadas) pelos cerca de 750 delegados.
Mas Francisco Alves tem a expectativa de conseguir negociar
directamente essa representatividade. "Mesmo não sendo estatutariamente
podemos conseguir representatividade", diz."...
Foto de Bruno Simão/Negócios |
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