06 março 2024

CGTP-IN: Comissão Executiva amputada não representa a realidade do mundo do trabalho

A Comissão Executiva da CGTP-IN, eleita no XV Congresso, reuniu a 04 de Março, pela primeira vez, amputada da ampla representação do mundo do trabalho.

Esta é uma Comissão Executiva que não representa a pluralidade que existe no mundo do trabalho. Efectivamente, porque, ao não incluir na sua composição sindicalistas de todas as correntes de opinião político-ideológicas das esquerdas que existem, coexistem e intervêm nos locais de trabalho, em particular, os sindicalistas socialistas, a actual composição da Comissão Executiva está amputada da realidade político-ideológica e sindical vivida pelos trabalhadores e trabalhadoras.

Recordamos que desde o Congresso de Todos os Sindicatos, em Janeiro de 1977, os sindicalistas socialistas da CGTP-IN sempre participaram activamente na Comissão Executiva da CGTP-IN, tendo contribuído decisivamente para a sua acção, apoio indefectível da classe trabalhadora e reconhecimento público.

Recordamos também que, ao longo da história da CGTP-IN, sempre houve diferenças e divergências entre as diversas correntes de opinião político-ideológicas, designadamente sobre os conteúdos programáticos e os equilíbrios entre as várias correntes, aquando da composição dos órgãos dirigentes, com destaque para a Comissão Executiva.

Estes equilíbrios político-ideológicos nos órgãos são absolutamente necessários e sempre existiram desde 1977, repetimos, porque, no mundo do trabalho, há diversidade e pluralismo ideológico entre os trabalhadores e as trabalhadoras.

Esta realidade é expressa na Confederação, na qual coabitam dialecticamente, nos órgãos sindicais, sindicalistas das correntes de opinião político-ideológicas do PCP, PS, BASE-FUT, BE, católicos progressistas e independentes, apesar de a corrente de opinião político-ideológica do BE nunca ter participado na Comissão Executiva.

É preciso referir que a corrente de opinião político-ideológica mais bem organizada e, por esse motivo, maioritária ao nível dos dirigentes, é a Corrente Sindical do PCP, não tendo nos locais de trabalho a mesma representatividade nos trabalhadores e trabalhadoras. Apesar deste facto, ninguém coloca em causa os equilíbrios entre a maioria e as diversas minorias.

No entanto, assistimos nos últimos anos a uma tentativa de diminuir a influência das correntes de opinião político-ideológicas minoritárias, situação que a Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, através dos seus sindicalistas, tem combatido e denunciado.

A estratégia dos sindicalistas socialistas é clara. Reforçar o projecto de unidade e democracia da CGTP-IN.

Por esta razão, entendemos, sem colocar em causa os equilíbrios entre a maioria e as diversas minorias, que, porém, dentro das minorias, o reforço dos sindicalistas socialistas e a participação de outra corrente de opinião político-ideológica das Esquerdas reforçará a CGTP-IN no mundo do trabalho e aumentará o seu prestígio na sociedade.

Surpreendentemente, a Corrente de Opinião Político-Ideológica do PCP opôs-se tenazmente a esta estratégia de alargamento e fortalecimento da CGTP-IN – o que obrigou os sindicalistas socialistas a reagirem, tendo concluído pela sua recusa em participar na própria Comissão Executiva. Contudo, sabemos de consciência político-sindical assumida e de experiência feita que, como sindicalistas da CGTP-IN, temos o dever de solucionar esta situação – por esta razão, continuamos a manifestar a nossa total disponibilidade para resolver este problema por forma a que a CGTP-IN saia deste processo mais coesa e forte, para combater os projectos reaccionários da direita e extrema-direita, corporizados por PSD, IL e Chega.

Neste momento histórico do sindicalismo em Portugal e de forma especial no âmbito da CGTP-IN, são estas posições que melhor defendem os interesses da classe trabalhadora e da população em geral.

Estas posições são as que protegem a CGTP-IN, enquanto maior organização, em Portugal, de defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, pois uma CGTP-IN enfraquecida só serve o grande capital.

Defendemos uma CGTP-IN capaz de defender os interesses da classe trabalhadora plural, assente nos seus princípios de Unidade, Democracia, Independência, Solidariedade e Sindicalismo de Massas.

São estes os princípios e objectivos que continuaremos a defender em todos os espaços de intervenção em que os sindicalistas socialistas e independentes desempenham a sua acção sindical no mundo do trabalho: desde os locais de trabalho até à Confederação, passando pelos sindicatos, uniões e federações.

Lisboa, 06 de Março de 2024

O Secretariado Nacional da CSS da CGTP-IN

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