19 agosto 2025

FALECEU JOAQUIM PILÓ, DIRIGENTE SINDICAL HISTÓRICO DOS PESCADORES E ANTIGO DIRIGENTE DA CGTP-IN (18.08.2025)

Faleceu, vítima de doença prolongada com 76 anos, Joaquim Piló, natural da Nazaré, pescador e defensor acérrimo dos direitos dos pescadores e, desde sempre, um dos líderes históricos dos pescadores em Portugal.

Piló andou na faina do bacalhau na Terra Nova no tempo do fascismo e do famigerado Almirante Tenreiro que, dirigindo então a Brigada Naval, foi um dos esteios da ditadura salazarista, que definiu uma política que beneficiava os armadores, assegurando-lhes o financiamento, o fornecimento de mão-de-obra e outras facilidades que maximizava os lucros dos armadores.

As condições de vida e trabalho na frota bacalhoeira eram sub-humanas. As condições de trabalho eram terríveis, em especial, a segurança no trabalho (os acidentes mortais eram frequentes), as cargas horárias diárias elevadíssimas (chegava a haver jornadas diárias de 20 horas), o exercício de funções era duríssimo e as relações hierárquicas autoritárias e prepotentes. A condição de vida num lugre bacalhoeiro tinha poucas condições de higiene e salubridade e total ausência de privacidade.

Foi neste ambiente de vida e trabalho, que decorria anualmente de abril a novembro, que se forjou a personalidade de Joaquim Piló e lhe imprimiu a marca indelével da sua vida - defensor acérrimo dos direitos dos pescadores.

Os pescadores, proibidos de terem sindicatos pelo Estado Novo, imediatamente a seguir ao 25 de Abril, constituíram-nos. Piló desde o início esteve envolvido neste processo e foi um dos muitos que contribuiu para a formação do Sindicato Livre dos Pescadores, tendo integrado a respectiva Direcção e, posteriormente, assumindo a própria presidência do sindicato.

O Piló, como era familiarmente conhecido, foi um militante dedicado, seja no Mundo do Trabalho seja na acção política. Ao longo de dezenas de anos e em todas as circunstâncias, sempre assumiu a sua condição de pescador e de sindicalista da CGTP-IN.

No Mundo do Trabalho, foi dirigente da CGTP-IN e da União dos Sindicatos de Lisboa; na acção política, foi militante da UDP e, posteriormente, integrou o Bloco de Esquerda quando este foi fundado.

Na CGTP-IN, era uma das vozes críticas de muitas orientações confederais e proponente de alternativas de orientação sindical, mas sempre defensora de uma acção sindical unida na defesa dos interesses da Classe Trabalhadora. Por esta razão, o Piló colocava os princípios da CGTP-IN à frente dos interesses de cada Corrente Opinião Politico-ideológica, começando pela sua própria.

Joaquim Piló e os militantes da CSS da CGTP-IN estiveram muitas vezes em sintonia nos debates ideológicos travados no seio da CGTP-IN, assim como também estiveram muitas outras vezes em desacordo. Mas este é o processo normal de uma relação entre militantes livres e conscientes que intervêm empenhadamente em discussões democráticas realizadas numa organização plural, unitária e de massas que funciona democraticamente.

Ao deixar-nos, o Piló deixou-nos, porém, o seu exemplo de militante modesto e aguerrido!

Os pescadores têm uma divida de gratidão pela sua acção e os sindicalistas com quem trabalhou, de todas as Correntes de Opinião, guardam dele uma memória de um Camarada sempre presente em todos os momentos, quer de discussão quer da luta - Honra à sua memória!

A CSS da CGTP-IN rende-lhe homenagem, à família enlutada endereça as suas condolências e aos seus Amigos e Camaradas dirige uma fraterna saudação, confiando que o exemplo da sua vida se projectará na acção de outros militantes.

O Secretariado Nacional da CSS da CGTP-IN
19 de Agosto de 2025

01 agosto 2025

The Socialist Trade Union Current of the CGTP-IN condemns the genocide in Gaza, demands an immediate ceasefire, and reaffirms solidarity with all victims

The Socialist Trade Union Current of the CGTP-IN (CSS of the CGTP-IN) joins the international mobilization against the massacre of the Palestinian people and demands the immediate end of the Israeli military offensive in the Gaza Strip, which constitutes a serious violation of International Law and United Nations resolutions.

We also condemn the Hamas attack of October 7, 2023, which killed hundreds of Israeli civilians, including women, children, and the elderly. Acts of violence against civilian populations are unacceptable, regardless of their origin, and only deepen the suffering of peoples. We express our solidarity with all victims and their families — both Palestinian and Israeli.

Since then, the response of the Israeli government has been disproportionate and marked by a policy of collective punishment, with systematic bombings of schools, hospitals, refugee camps, and essential infrastructure. More than 60,000 Palestinians have already died, most of them defenceless civilians. The total siege on Gaza — depriving millions of people of food, water, medicine, and electricity — is, in the eyes of the international community, a crime that may constitute genocide, as recognized by the International Court of Justice.

The CSS of the CGTP-IN considers the passivity or complicity of several governments — including the AD (PSD/CDS) Government in Portugal — and international institutions, such as the EU, to be unacceptable. A lasting peace will only be possible with justice, respect for International Law, and the recognition of the Palestinian people's right to their own state.

The Socialist Trade Union Current of the CGTP-IN reaffirms the values of peace, justice, and solidarity among peoples and demands:

  • An immediate and unconditional ceasefire;
  • The lifting of the blockade on Gaza and urgent entry of humanitarian aid;
  • The release of Israeli hostages held by Hamas, as well as the release of Palestinian political prisoners held by Israeli authorities;
  • Compliance with UN resolutions, namely the recognition of the State of Palestine in accordance with Resolution 242 of 1967, with East Jerusalem as its capital;
  • An end to the occupation and colonization of Palestinian territories and respect for human rights and International Humanitarian Law.

We call on political parties, social organizations, and religious institutions — which have historically defended human dignity and peace — to show solidarity with the victims of this conflict, condemn the violence, and demand an immediate ceasefire that saves lives and promotes justice.

We also call on workers and their organizations, in Portugal and around the world, to intensify the denunciation of this tragedy, combat all forms of racism, antisemitism, and Islamophobia, and affirm solidarity with all those who struggle for a future of peace, dignity, and justice in the Middle East.

Lisbon, July 30, 2025

The Socialist Trade Union Current of the CGTP-IN

Portugal

Imagem: “Destruction Ruins Palestine” — fotografia de Hosny Salah (Pixabay, 2023)

A Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN condena o genocídio em Gaza, exige um cessar-fogo imediato e reafirma a solidariedade com todas as vítimas

A Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN (CSS da CGTP-IN) junta-se à mobilização internacional contra o massacre do povo palestiniano e exige o fim imediato da ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, que configura uma violação grave do Direito Internacional e das resoluções das Nações Unidas.

Condenamos igualmente o ataque do Hamas de 7 de Outubro de 2023, que vitimou centenas de civis israelitas, incluindo mulheres, crianças e idosos. Actos de violência contra populações civis são inaceitáveis, independentemente da sua origem, e só agravam o sofrimento dos povos. Manifestamos a nossa solidariedade para com todas as vítimas e as suas famílias — tanto palestinianas como israelitas.

Desde então, a resposta do governo israelita tem sido desproporcionada e marcada por uma política de punição colectiva, com bombardeamentos sistemáticos de escolas, hospitais, campos de refugiados e infraestruturas essenciais. Já morreram mais de 60 mil palestinianos, a maioria civis indefesos. O cerco total a Gaza — privando milhões de pessoas de alimentos, água, medicamentos e electricidade — constitui, aos olhos da comunidade internacional, um crime que pode configurar genocídio, como reconhecido pelo Tribunal Internacional de Justiça.

A CSS da CGTP-IN considera inaceitável a passividade ou cumplicidade de vários governos, entre os quais o Governo da AD (PSD/CDS) e instituições internacionais, onde se inclui a UE. A paz duradoura só será possível com justiça, respeito pelo Direito Internacional e o reconhecimento do direito do povo palestiniano ao seu próprio Estado.

A Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, reafirma os valores da paz, da justiça e da solidariedade entre os povos e exige:

  • Um cessar-fogo imediato e incondicional;
  • O levantamento do bloqueio a Gaza e a entrada urgente de ajuda humanitária;
  • A libertação dos reféns israelitas detidos pelo Hamas, bem como a libertação dos prisioneiros políticos palestinianos detidos pelas autoridades israelitas;
  • O cumprimento das resoluções da ONU, nomeadamente o reconhecimento do Estado da Palestina conforme a Resolução 242 de 1967, com Jerusalém Leste como capital;
  • O fim da ocupação e colonização dos territórios palestinianos e o respeito pelos direitos humanos e pelo Direito Internacional Humanitário.

Apelamos aos partidos políticos, às organizações sociais e às instituições religiosas, que historicamente defendem a dignidade humana e a paz, para que se solidarizem com as vítimas deste conflito, condenem a violência e exijam um cessar-fogo imediato que salve vidas e promova a justiça.

Apelamos à mobilização dos trabalhadores e das suas organizações, em Portugal e no mundo, para que intensifiquem a denúncia desta tragédia, combatam todas as formas de racismo, antissemitismo e islamofobia, e afirmem a solidariedade com todos os que lutam por um futuro de paz, dignidade e justiça no Médio Oriente.

Lisboa, 30 de Julho de 2025

A Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN

Imagem: “Destruction Ruins Palestine” — fotografia de Hosny Salah (Pixabay, 2023)